Dois de Novembro é o dia da comemoração dos mortos. Um dia especial, cada ano, para lembrar os entes queridos que já se encontram na eternidade. Esta data nos ajuda a fazer memória de todos aqueles que completaram o seu tempo aqui na terra, deixaram suas marcas e se foram para junto de Deus, do Deus da vida, de onde todos saem.
Fazer memória é uma coisa benfazeja a todo humano. Quando a mente viaja no passado, trazendo à consciência as ligações com os antepassados, com os amigos e entes queridos, recupera as lembranças destas vidas e o que elas significaram na própria existência. Por exemplo: lembrar os pais é como voltar à fonte da própria vida, acordando lembranças tão queridas e deixando o coração bater no ritmo de uma bonita prece de gratidão. Obrigado, Senhor, pelos meus pais, o amor que deles recebi, a formação para o bem, a capacidade de ver a vida com o olhar da fé e da esperança. Tais lembranças fazem muito bem a cada pessoa que se sente em sintonia com a sua história e com os seus ancestrais. Sabemos donde viemos e para onde iremos. Viemos de Deus e dos nossos antepassados. Iremos para onde eles já se encontram: junto de Deus!
Todo ser humano precisa de referências. E as referências primárias de cada um são seus entes queridos. A vida, os valores, as experiências acumuladas dos pais são passadas para os filhos. Nos filhos os pais continuam de certo modo vivos. Ora, nesta celebração dos finados, as lembranças mais caras são ativadas na mente e no coração de cada um e são convertidas em preces ao Deus da vida para que Nele todos descansem em paz.
Além da memória dos antepassados, o Dia de Finados nos faz pensar no nosso futuro. Olhando para os que já partiram desta vida nasce a certeza de que o destino de todo ser humano é empreender esta viagem definitiva para o reino da eternidade. Diante deste horizonte que se aproxima inexoravelmente, a morte, o homem é interpelado e convidado a se preparar para o que está por vir.
Neste ponto, abre-se a possibilidade de uma pergunta fundamental: “o que existe depois da morte?” Os incrédulos respondem: nada! Para eles a vida termina com a morte. Os cristãos, baseados na revelação do Filho de Deus, afirmam: “há a ressurreição dos mortos!” A vida renasce numa condição nova, não material, mas espiritual. Entramos no reino da vida de Deus, na habitação da luz, da paz, da harmonia, onde não há mais dor, nem choro, nem tristeza, nem sofrimento, mas só alegria total. É a plenitude da vida aquilo que todos sonham e esperam.
Da resposta cristã à pergunta - o que há depois da morte? - surge um sentido de esperança. Este futuro não assusta, nem é uma ameaça ao homem de fé. Ao contrário, é um amanhã luminoso que vem confirmar a profunda experiência de crença na eternidade. A vida foi criada por Deus para perdurar para sempre. Aqueles que esperam a vida eterna têm uma razão fantástica para viver e viver bem. Sabem que estão aqui de passagem, aguardando o amanhã definitivo. Sabem igualmente que precisam construir a vida eterna agora e para isto contam com as orientações deixadas por Jesus Cristo no Evangelho. Que serenidade pensar na morte como a porta para a vida eterna. Uma porta que abre o tempo da paz que não se extingue.
É esta esperança forjada na experiência de fé do Povo de Deus e confirmada por Jesus Cristo Ressuscitado. Ele deu para toda a humanidade as razões da esperança e a certeza que a eternidade pertence a Deus. Ora, se somos de Deus, se pertencemos a Ele, então ressuscitaremos para a vida eterna. A fé na ressurreição é central no cristianismo e é o que faz a diferença das outras religiões. No Credo, nós professamos: creio na ressurreição dos mortos.
Deste modo, comemorar os mortos, é fazer memória e alimentar a esperança. Da lembrança dos que já estão na eternidade colhe-se força e sabedoria para avançar, passo a passo, vencer obstáculos e construir a vida. Da reflexão sobre a morte como abertura para a eternidade nasce a esperança de uma vida plena, prometida pelo Filho de Deus a todos os que Nele acreditam: Eu vim para que tenham vida e a tenham em plenitude (Jo 10,10).
Por Dom Delson
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
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