sexta-feira, 20 de julho de 2007

Pai, Filho e Espírito Santo

Depois da Aliança que Deus firmou com os descendentes de Abraão, por intermédio de Moisés, no Monte Sinai, depois de terem sido libertos da escravidão do Egito, começa a ser elaborada a religião judaica, que professa um único DEUS, Criador de todas as coisas e Senhor do céu e da terra. Encontramos na Sagrada Escritura muitas passagens de reis e profetas defendendo a fé do povo judeu quando alguns compatriotas se impressionavam com o politeísmo dos povos vizinhos de Israel e começavam a acreditar na ilusão de que existiam outros deuses ao lado de Javé. “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é ÚNICO” (Dt 6,4): assim começa o “Shemá”, considerada a principal Profissão de Fé do monoteísmo. Nascido no povo judeu, Jesus também professa que há um único Deus e assume que foi enviado para que todos conheçam o PAI, de quem ele é o FILHO UNIGÊNITO; e, de ambos, procede o ESPÍRITO SANTO. Este é o MISTÉRIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE. Não são três deuses, mas três pessoas em perfeita comunhão que compartilham a mesma divindade, na mesma natureza e igual majestade. Sempre existiram as três pessoas divinas; diferente foi o tempo histórico em que o Filho e o Espírito Santo nos foram dados a conhecer! Para que o ser humano viesse à existência, o Criador usou o verbo no plural, dando indícios de que não estaria sozinho. “Façamos o ser humano à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26). Quando se haviam esquecido do AMOR, que é a essência de Deus e que nos faz ser à sua imagem e semelhança, Deus se revelou como PAI ao enviar JESUS CRISTO, cuja mensagem nos convence sobre a importância do amor e tira do coração toda espécie de medo daquela falsa imagem de Deus que muitos tinham. As palavras de Cristo são palavras de salvação e quem ouve a sua voz permanece em Deus, pois ninguém pode desejar a comunhão com Deus e deixar de receber o ESPÍRITO SANTO, derramado sobre todos os povos e nações, indistintamente, pois onde há o AMOR, Deus não está ausente. Como o ser humano só pode ser feliz se amar, ninguém resiste ao amor de Deus quando toma conhecimento de que DEUS É AMOR! Por isso, podemos, com muita razão, dizer que o Mistério da Santíssima Trindade é o Mistério do Amor Maior.Para falarmos do inesgotável mistério da Santíssima Trindade que professamos, usamos a linguagem humana e algumas imagens para expressar a beleza da unidade e da comunhão do Pai e do Filho e do Espírito Santo. São três chamas de fogo crepitante que, conservando a sua individualidade, formam uma única luz de inigualável aparência, que fascina a alma e seduz nossa vontade. Uma única chama de amor que nunca será apagada pelo ódio, pela violência, pela maldade nem tampouco pelo pecado. Deus não desiste de vir ao encontro do ser humano e a Igreja, continuadora da missão salvífica de Jesus Cristo, não cessa de convidar todos os homens e mulheres à reconciliação com Deus e com os irmãos e irmãs. Como o amor de Deus é cheio de esperança e não decepciona, não podemos desistir de avançar no caminho do amor em nossa vida. A fé no Mistério da Santíssima Trindade não se reduz somente a acreditar nas três pessoas divinas, mas acreditar sobretudo na possibilidade de trazer a comunhão das três pessoas divinas para a realidade nossa de cada dia e envidar todos os esforços pessoais para destruir em nós tudo o que insiste em ferir ou impedir a comunhão humana e fraterna de acontecer. Da mesma forma que o Mistério da Santíssima Trindade mostra o respeito entre três pessoas distintas entre si que partilham o mesmo poder divino de amar, é possível haver diálogo e respeito entre pessoas de pensamentos distintos e personalidades tão diferentes, desde que cada uma das pessoas humanas escolha o amor e procure a verdade acima de qualquer preconceito ou discriminação. Por fim, para que o Mistério da Santíssima Trindade não pareça muito distante da nossa realidade, cada um de nós se lembre de que carrega em si mesmo a presença de Deus em três pessoas, formando conosco uma perfeita unidade, sem a qual o ser humano se sente perdido de si mesmo.


Por Dom Delson - 01/06/2007

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