quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Grupo Teatral apresenta o Auto Santuário dos Negros

No próximo dia 30 de dezembro, o grupo de Teatro Cultura Viva, com o apoio da Casa de Cultura Popular Poeta Antídio Azevedo e a Prefeitura Municipal de Jardim do Seridó apresentará o Auto Santuário dos Negros, a partir das 20hs, em frente à Casa de Cultura. O espetáculo terá as participações especiais do Grupo dos Negros do Rosário, que se apresentarão com a dança do espontão e o seu gingado, e o Grupo de Capoeira Terra do Sol com o seu Maculelê. A direção artística será de Dimas Carlos, diretor, coreógrafo e também coordenador estadual das Casas de Cultura Popular.

O Santuário dos Negros contará a chegada dos negros no Brasil, a escravidão, a história da Irmandade dos Negros do Rosário de Jardim do Seridó, fundada em 1863, antes mesmo da libertação, desde sua origem e as lendas dessa tradição, resgatando a cultura africana existente na cidade. Na ocasião, serão feitas também homenagens a alguns personagens que marcaram a história local e aos vultos populares. O espetáculo começa com Dona Conrada, juntamente com Seu Chico de Biró (vultos populares). Os dois iniciarão discutindo a razão de estarem em Jardim do Seridó.

Será feita uma referência à mistura entre o negro e o branco que ocasionou com a desmistificação das lendas dos Negros que acreditavam no deus da mata, do sol e das águas, entre outras, passando a aprender a religião cristã, elegendo Nossa Senhora do Rosário como padroeira, ficando tão cristãos quanto os europeus, daí surgindo as irmandades e os grupos religiosos. Outro fato marcante contado na peça será a trajetória de Dona Nathércia, que dedicou 70 anos de sua vida à educação jardinense. A homenageada faleceu em 2005 aos 107 anos de idade.

No final acontecerá a coroação e a libertação de Chico Rei no tronco, sonhando com a Virgem, onde ela lhe dará um novo mundo trazendo a liberdade dele retratada como riqueza cultural e não como ouro. “Neste auto, o ouro do negro é a sua cultura, é o que ele deixou no nosso sangue. Ao contrário do que alguns dizem que ele teria ganhado, conquistado ou até roubado”, disse Dimas Carlos, diretor artístico da peça.

O texto foi construído pelos próprios componentes, por meio de fragmentos de alguns personagens históricos, entre eles, o grande literato Castro Alves, com seu “Navio Negreiro” e “Chicote” do Professor Francisco Felix, filho de Caicó. Ainda contará com a orientação pedagógica do historiador, Diego Marinho, através de sua monografia sobre a irmandade dos negros.

A escolha do Auto Santuário dos Negros se deu devido à existência em Jardim do Seridó de três festas religiosas. “No mês de setembro, comemoramos o Sagrado Coração de Jesus, no início de dezembro, Nossa Senhora da Conceição e, na passagem de ano, Nossa Senhora do Rosário e São Sebastião, por iss, tivemos a idéia de se criar um santuário”, finalizou Mônica Sabino, escritora da peça e atriz.

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