sábado, 27 de outubro de 2007

O mundo precisa da ética do amor

Neste tempo de grandes mudanças ou, como afirmam alguns pensadores, de mudança de época, temos a percepção de que a humanidade segue o seu curso sem ter importantes valores de referência. Se, de fato, isto está acontecendo, o que está por vir é assustador! Uma cultura sem grandes referências para delinear a sua própria construção está fadada a perder-se e a transformar-se numa contracultura que, ao invés de edificar a vida, vai destruí-la.

Uma humanidade sem valores sólidos e permanentes torna-se frágil demais para suportar a avalanche de problemas que se abatem contra ela mesma. A ética dá para o ser humano a segurança dos valores norteadores da vida pelos quais ele vai moldando o seu comportamento. Em quaisquer circunstâncias, tais referências são basilares para a ação do ser humano, fortalecendo suas convicções e protegendo a sua dignidade.

Um mundo sem ética é uma grande babel, que caminha para a autodestruição. Não existe perspectiva de futuro para uma realidade onde cada um segue os ímpetos dos próprios instintos e desejos. A história humana nos ensina, a partir do duro e longo caminho percorrido para aprender, que somos seres sociais e que dependemos uns dos outros. Esta interdependência é um valor e não um limite! No inter-relacionamento aprendemos a nos proteger e a buscar segurança. O que é valor para mim é também valor para os outros. A vida é o valor primeiro e absoluto que está acima de qualquer outra coisa: a vida humana e a vida da natureza. E esta diz respeito a todos.

No entanto, esta visão não é compartilhada por tantos que colocam os interesses pessoais acima dos interesses da vida. Toda vez que a ânsia do lucro suplanta as razões da vida e as leis naturais são desrespeitadas, a natureza é ferida, a vida paga o preço e os seres humanos sofrem as conseqüências com sofrimento e muita dor. Já foi dito que Deus perdoa sempre, os homens perdoam às vezes e a natureza jamais perdoa.

O curso da natureza obedece a leis precisas e determinadas que, violadas, reagem imediatamente. Assim que o desmatamento muda o clima aquece o planeta, altera o ciclo das chuvas, tornando-as escassas ou intensas com precipitações tão fortes que a destruição é inevitável. A ciência, que estuda com tanta propriedade todos os fenômenos, já adverte sobre os imensos perigos que estamos vivendo. Os resultados são previsíveis e podem ser alterados. Para isto basta que toda a humanidade adote a ética da vida e paute o seu comportamento na lei do respeito à natureza, que é pródiga e rica, mas limitada. A auto-sustentabilidade das riquezas naturais depende da racionalidade do seu uso. Sobre isto o homem tem que aprender muito. Não podemos continuar ferindo a vida como se esta não sentisse nada. O planeta terra é um imenso ser vivo que reage de acordo com o modo como está sendo tratado. Somos na terra como grandes colônias de sanguessugas. Dela somos nutridos, nos alimentamos, sugando o que precisamos, mas temos que cuidar para não esgotar o seu potencial.

Hoje, a humanidade está adquirindo consciência de que tem que respeitar a vida do planeta protegendo a água, as plantas, os animais, o ar e tudo o mais , porque dele dependemos totalmente.

Na esfera da relação com as outras pessoas, podemos também perceber o quanto é complicado a falta de referências, de valores maiores que norteiem a convivência humana. O desaparecimento da ética enfraqueceu muito a humanidade e o seu sentido de sobrevivência. O cristianismo é portador de uma contribuição única para a humanidade: a ética da vida. O Senhor Jesus mesmo afirmou para todos: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). É necessário compreender esta frase do Filho de Deus com todas as suas incidências concretas sobre a vida no planeta. Amar e proteger a vida é o grande ensinamento do Divino Mestre. Os que seguem o mandamento do amor compreendem o imperativo de defender a vida e lutar para que ela seja plenificada, conservada, partilhada e eternizada.

Coloquemos em nossas vidas o sentido da Lei Divina e eduquemos as crianças e os jovens para amar a vida, preservando-a a fim de que as futuras gerações encontrem no Planeta Terra condições favoráveis à sobrevivência da espécie dos humanos.


Por Dom Delson

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