segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Amar a natureza como a si mesmo!

Estamos habituados a ouvir a afirmação: vivemos num mundo complexo. É verdade, o nosso tempo é de grande complexidade. Quem viveu ou vive numa realidade agrícola com seu ritmo de vida lento, em que o homem procurava esperar a resposta da natureza e obedecer seu curso, está habituado a uma enorme simplicidade. No contexto rural do passado, os resultados da ação humana eram quase sempre previsíveis. Contava-se apenas com as variantes naturais e poucas intervenções do próprio homem. Na sociedade moderna tecnocrata de alta complexidade, as exigências são incomensuráveis. Daí a necessidade de atitudes novas e múltiplas para enfrentar as freqüentes mudanças com suas surpreendentes exigências.

O mundo transformou-se num grande mercado, onde os produtos são oferecidos, cada dia, numa variedade sem fim e apresentados com cativantes vantagens para o ser humano. O homem transforma-se em mero consumidor. Neste ambiente consumista, o valor da pessoa está associado à sua capacidade de consumir. Assim, a comunidade dos humanos é classificada de acordo com o poder de consumo. As pessoas que têm alto poder aquisitivo e, portanto, de consumo são classificadas como classe alta e as que têm poder médio de consumo como classe média e as que têm pouco poder de consumo como classe baixa e as que não têm nenhum poder de consumo são classificadas como excluídos. Nesta visão, o ser humano é identificado não pelo que é, mas pelo que consome. Ora, a mídia trabalha fortemente não só para apresentar bem os produtos, mas para transformar as pessoas em fiéis consumidores. Os consumistas pagam alto preço para adquirir os objetos do seu prazer, os seus produtos descartáveis. Para consumir tanto é necessário ganhar muito e cada vez mais, uma vez que o “prazer” de consumir não tem limites. Dentro deste esquema consumístico, a vida humana tornou-se refém do trabalho que gera renda, que compra produtos, que prometem a felicidade.

Aliás, esta consiste somente em consumir o que a mídia dita. Como não é possível que todo o mundo consuma do mesmo jeito, a divisão social está feita. Quem pode consome, quem não pode paga o preço da depredação do meio ambiente e do sistema concentrador de renda.

As indústrias produzem mais e vendem mais. As reservas de matéria prima para a produção industrial também são limitadas. O planeta sofre por estas razões, entre outras: as reservas vão sendo esgotadas, o resíduo industrial não tratado é jogado no meio ambiente que o danifica. O planeta é limitado e é necessário entender isso!

A sede de consumir é alimentada pela publicidade massiva. Aumenta em escala crescente o número de consumidores. Aumenta a oferta. Mas não se pensa nas conseqüências do crescimento industrial para o meio ambiente. Resultado: poluição dos rios e da atmosfera, destruição das matas, diminuição da água potável, aquecimento do planeta com suas nefastas conseqüências, transformação da Terra num grande cemitério de lixo, um imenso lixão. E o futuro?!O homem tem que aprender a conviver com a natureza, respeitando-a. A Lei natural foi deixada pelo Criador, inscrita em toda realidade, quando violada volta-se contra o próprio homem. O imperativo ético do nosso tempo é amar a natureza como a si mesmo.

Um caso concreto: o Rio Piranhas está perecendo. O Município exulta com as fábricas de tecelagens. A população tem emprego. Todos ganham com o dinheiro circulando. As famílias têm como sobreviver. Mas todos perdem com a morte do rio. A poluição compromete a vida de toda população servida com a água do Piranhas. Há possibilidade das fábricas continuarem produzindo sem poluir o rio. Basta que se cumpram as leis ambientais e não sejam jogadas no rio a lama química, resíduo da indústria. Há alguma empresa que está fazendo a sua parte e não está poluindo. Deve ser exemplo para as demais. Os governos dos municípios, do estado e da federação devem atuar para evitar tamanhos danos contra a vida. O poder judiciário também deve fazer a sua parte. Os órgãos ambientais cumprem o seu papel e lutam para que o meio ambiente seja preservado.

No entanto, é preciso dizer que não são somente as tecelagens que poluem o Rio Piranhas. Uma grande parcela da responsabilidade vem da própria população que não cuida do rio e nele joga todo tipo de lixo doméstico, além dos esgotos das cidades que não têm ainda suas bacias de tratamento. Os grandes desafios do nosso tempo é reverter a situação de degradação da natureza, aprendendo a conviver com ela e cumprir o mandamento: amar a natureza como a si mesmo.


Por Dom Delson

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